Bem-Aventurada Hildegard Burjan - Um testemunho para os dias atuais
Hildegard Burjan nasceu em 1883, na Alemanha, em uma família de classe média, sem religião. Durante alguns anos, experimentou profunda sede de um verdadeiro sentido para a vida.
Em 1907 casou-se com o engenheiro elétrico Alexandre Burjan. Em 1908 formou-se em Filosofia, sendo uma das primeiras mulheres a frequentar uma universidade e concluiu também doutorado.
Alguns meses depois, Hildegard ficou doente, permanecendo por longo período internada.
Ficou muito impressionada ao perceber o amor com que as irmãs religiosas daquele hospital tratavam as pessoas, realizavam seu trabalho e concluiu: “Isso, um ser humano apenas com suas próprias forças, não é capaz de fazer”. Convenceu-se, então, da existência de Deus e nele passou a acreditar ardentemente. Era muito grave seu estado de saúde e os médicos declararam que já haviam esgotado todos os recursos que a Medicina dispunha. Para surpresa de todos, na manhã seguinte, um Domingo de Páscoa, Hildegard estava curada, de forma inexplicável.
Ela compreendeu que se tratava de um milagre, através do qual Deus quis revelar-se a ela, de forma ainda mais visível. Ali experimentou, no mais íntimo de seu ser, o amor gratuito e misericordioso de Deus. Impressionada com essa manifestação divina, exclamou: “Esta segunda e nova vida deve pertencer unicamente a Deus”. Pediu o Batismo e lançou-se nos braços do Criador. “Quero doar-me, consumir minha vida no amor aos irmãos”.
Mais tarde ficou grávida e os médicos aconselharam um aborto, pois seu corpo, fragilizado pelas consequências das várias cirurgias, não resistiria à gravidez. Mas ela foi decidida e disse: “Mesmo que eu tenha que morrer, seja feita a vontade de Deus”. Novamente experimentou a ação da graça de Deus em sua vida: deu à luz sua filha Elisabeth e continuou sua missão.
Em 1909 mudou-se com a família para a Áustria, e lá deparou com graves questões sociais. Empenhou-se na luta contra a exploração do trabalho infantil e ajudou as operárias empobrecidas a defenderem sua dignidade e igualdade de direitos. Dedicou-se às jovens marginalizadas, tentando integrá-las na sociedade. Mobilizou senhoras da alta sociedade de Viena, membros da nobreza, e foi até ao Papa em busca de ajuda para a compra de casas que passaram a funcionar como lares para moças, mulheres e bebês. Organizou campanhas para atender vítimas da Primeira Guerra Mundial, socorrendo os famintos, os doentes, as crianças e as mães. A todos se doava sem limites e não visava apenas a miséria humana, mas, sobretudo, a necessidade profunda de cada pessoa: sua sede de Deus.
A pedido de membros da Igreja católica e de políticos cristãos que percebiam o quanto era necessário, no Parlamento, a atuação de alguém, também com compromisso cristão, com o entendimento das necessidades sociais, o dinamismo, a inteligência e a sensibilidade de Hildegard, ela aceitou candidatar-se.
Foi a primeira mulher cristã eleita Deputada Federal. Com plena responsabilidade procurou influenciar a legislação social em prol dos mais desfavorecidos, o que veio mudar a realidade social em quase toda a Áustria. Lutou incansavelmente em defesa da verdade e da justiça e foi chamada de “A Consciência do Parlamento”. Após vencido seu mandato, embora com grandes chances de uma brilhante carreira política, não aceitou mais concorrer.
Impelida pelo amor de Cristo, Hildegard Burjan sentiu-se chamada a amenizar, por meio da atuação social, a miséria humana. Durante 25 anos, após sua conversão, doou sua vida em resposta a esse chamado, mas queria que isso tivesse continuidade através de pessoas com esse mesmo ideal, consagradas a Deus e inteiramente dedicadas e esse serviço.
Fundou então, em 1919, a Congregação das Irmãs da Caridade Social, que tem como carisma: “TORNAR PRESENTE O AMOR MISERICORDIOSO DE DEUS AOS IRMÃOS MAIS NECESSITADOS”.
Como lema, Hildegard escolheu as palavras de São Paulo: “O AMOR DE CRISTO NOS IMPULSIONA” (2 Cor 5,14).
Devido seu grande amor e devoção a Nossa Senhora, escolheu Maria, Mãe do Bom Conselho, para padroeira da Caridade Social.
Mesmo com os compromissos de esposa e mãe, com as várias atividades sociais que assumira, com a atuação política enquanto parlamentar, com a dedicação à congregação religiosa que fundara, Hildegard nos deixou o testemunho de alguém que mergulhava profundamente na oração, no encontro com Deus: “Trago sempre comigo folhas soltas do Breviário e rezo sempre nos trens, nas lanchonetes e enquanto o meu esposo lê o jornal. As horas mais felizes para mim são à noite, quando, tranquilamente, posso rezar o Breviário”.
Em 11 de junho de 1933, Hildegard partiu para a Casa do Pai. Suas últimas palavras foram: “Jesus, meu querido Jesus, torna bons todos os homens, a fim de que possas encontrar neles o teu agrado. Faze que sua única riqueza sejas Tu, somente Tu”.
Hoje, além da Áustria, as Irmãs da Caridade Social estão presentes em vários países, inclusive no Brasil, dando continuidade ao legado de sua fundadora, a Bem-Aventurada Hildegard Burjan.
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